quarta-feira, dezembro 31, 2008

Último Segundo.

Lembra daqueles 9.192.631.770 períodos da radiação do não-sei-que-lá de césio? Pois bem, nos instantes finais de 2008, vamos ter exatamente isso aí a mais. Sim, o último minuto de 2008 terá 61 segundos!

É que cientistas chegaram à conclusão que precisamos corrigir uma pequena diferença entre os relógios atômicos e o tempo astronômico real, que é baseado na rotação do nosso planeta. Tudo isso porque, com os anos, a Terra passou a girar mais lentamente. O dia ficou um pouquinho maior e os segundos, baseados nas 24 horas tradicionais, acabaram perdendo um pouquinho a medida exata.

Já pensou se a terra começasse a girar cada vez mais devagar? Nossos segundos iam ficar mais longos. Um minuto podia, um dia, durar dois ou três. Todos os recordes olímpicos precisariam ser sempre recalculados. Talvez outras medidas de tempo passassem a ser usadas. Os centésimos e milésimos seriam mais valiosos. O corpo humano precisaria se adaptar ao dia mais longo, talvez oficializando uma soneca no meio do dia. A gente não teria desculpa pra dizer que não tem tempo pra nada...

Enfim, 2008 vai ser oficialmente um segundo mais longo. Mas todos os anos estão, de fato, se tornando um pouco maiores. Você não vai perceber assim facilmente, mas isso inclui 2009. Aproveite bem!

Então, uma dica pra quem tem um capacitor de fluxos: não esqueça que todas as suas viagens no tempo daqui pra frente (ou daqui pra trás, sei lá), devem levar todos esses segundos extras em consideração para não haver nenhum problema. Ah, e na frase acima eu disse segundos no plural porque outros vinte e tantos já foram adicionados aos nossos relógios, desde a década de 70. O último deles, há apenas três anos, em 31 de dezembro de 2005 (onde eu estava que não vi isso?).

E outra dica, agora pra todo mundo: lembre-se que a contagem regressiva este ano deve ser: 5, 4, 3, 2, 1, 1, 0!

Feliz Ano Novo!

quinta-feira, outubro 02, 2008

Punxsuntawney

Às vezes, tenho impressão que alguns dias não acabam nunca. Eles estão sempre acontecendo, o tempo inteiro. A final da Copa do Mundo de 1950, quando o Brasil perdeu para o Uruguai em pleno Maracanã lotado, por exemplo. Não importa quanto tempo já tenha se passado, Ghiggia estará sempre marcando o gol da virada, silenciando 200.000 brasileiros. É possível sentir que aquele jogo está acontecendo ali, agora, naquele gramado.

Todo Dia D se repete diariamente. E não são só as tropas americanas que, neste instante, estão desembarcando numa praia da Normandia. Na Praça da Paz Celestial, um cara sozinho desafia tanques de guerra. Na de São Pedro, o Papa leva um tiro. Olhe para a lua e veja Armstrong dar um grande passo. Debaixo dela, você dando o primeiro beijo.

Sim, os lugares por onde você viveu também estão cheios de acontecimentos por todos os lados, ao mesmo tempo. Embaixo do prédio onde você morou, naquela praia, no colégio, no novo apartamento, na rua, na chuva, na fazenda, em Olinda, São Paulo ou Marte. Os momentos que fazem bater o coração mais depressa, rir ou chorar, todos os encontros e desencontros. Tudo que foi marcante de alguma forma, boa ou ruim, nunca mais deixa de acontecer.

Estamos todos presos a um feitiço do tempo. Se o que aconteceu foi ótimo, tudo bem. Você sempre poderá reviver tudo novamente, visitando um local específico, lembrando ou sentindo, até mesmo ouvindo uma música especial. Mas, por outro lado, se não tiver sido tão bom assim, o que fazer?

A saída é arriscar, fazer diferente, viver intensamente. Criar novos momentos melhores que sejam eternos. Porque se forem eternos enquanto durem, eles realmente vão durar pra sempre.

Afinal, naquele fatídico jogo em 1950, o Brasil perdeu a Copa do Mundo. Mas, depois disso, já venceu o Uruguai 25 vezes e ganhou outras 5 copas. Veja o que está acontecendo no Rose Bowl, em Pasadena, agora. É Dunga, gritando e levantando a taça do tetra! E, ao seu lado, Romário emocionado, chorando. Você também consegue ver?

Não é só com você que acontece, Phil.

domingo, setembro 21, 2008

Texto Legal.

Medicina legal. Engana-se quem pensa que este é o ramo mais divertido, curioso e simpático da medicina.


Em publicidade, 'texto legal' também não tem nada de legal. Pra quem não sabe, é aquele textinho que aparece em anúncios ou comerciais, com letras bem minúsculas.

Apesar da maioria dos textos legais Mas existem textos legais interessantes. Como aquele que diz que as bonecas Barbies não se movimentam sozinhas. Sim, porque depois de ver na tv uma boneca acenar, dirigir um carro rosa e fazer compras

Neste site aqui, você pode ver como seriam os slogans, se eles fossem honestos.



Cada um no seu quadrado

Começou a chover sapo

quarta-feira, setembro 17, 2008

Eu, Highlander.

Há muito tempo atrás, em uma galáxia muito, muito distante, existia um planetinha com formas de vida capazes de se tornar imortais.

Claro que este ad eternum deveria respeitar algumas regrinhas. A principal delas: os seres poderiam viver para sempre, desde que não morressem antes de alcançarem a vida eterna.Se suas cabeças fossem cortadas antes disso, tchau! Se uma bigorna ou piano caisse sobre os indivíduos em plena rua, adios amigos! Se fossem atropelados por um caminhão, puf!

E ficar imortal era muito simples. Bastava encontrar outro ser, imortal ou não, e fazer sexo. Nada mal, né? Quer uma notícia melhor ainda? A galáxia é esta e os seres somos nós.

Duas coisas me fizeram perceber isso: algo que li sobre "O Gene Egoísta", um livro com uma teoria genial, e a semelhança física entre pais e filhos. Sim, é óbvio, tá na cara! Seu filho é sua continuação nesse mundo. Você É seu filho. Ele é o CONTINUE que vem antes do GAME OVER.

Olha lá, é John Lennon! Ele apenas está em um corpo, digamos assim, com menos talento. Bem menos...

domingo, agosto 31, 2008

Tentando Entender a Expressão Exata.

“Com todo prazer eu lhe daria
Mais de um terço dos meus neurônios
Ou metade dos meus néfrons, que tal?
Contanto que você jamais me beijasse
Depois de ter tomado aquele café preto.”

Não foi o Figueiroa que disse isso. Foi o Zero Quatro.
Prometer mais beijinhos do que a quantidade de peixinhos que estão a nadar no mar não basta. Dizer que o céu, as estrelas, o mar e o infinito não são suficientes, também não. Pro apaixonado Fred, nada se compara a abrir mão de 33,33% da própria sapiência.

Mas ele vai mais longe, senhoras e senhores. Ele doaria, sem a menor cerimônia, metade dos seus nefrônios! Você não se lembra o que é isso. Eu não me lembro o que é isso. Mas existe a wikipedia e podemos nos regozijar. Sim! Ele foi buscar, nas profundezas dos livros de biologia, a unidade funcional do rim!

Como nem tudo na vida é fácil, para merecer tanto cuti-cuti há uma condição. O mangueboy jura, do fundo de sua gônada, que se a sua amada tomar 'aquele café preto', não vai ganhar tão fofos mimos.
Ficar idiota, tudo bem. Encarar sessões de hemodiálise, vá lá. Mas beijar depois daquele FDP, daquele #%@!*¢£#@, daquele café quente, amargo e preto, nem a pau!
Entende, paixão?

domingo, maio 18, 2008

Ensaio sobre o daltonismo.

Sinais de trânsito sempre abertos, arco-íris de duas ou três cores, gramados laranjas. Seja bem-vindo ao mundo dos daltônicos. Aqui, lilás e cáqui não existem, roxo é azul escuro, verde muito clarinho pode ser amarelo, amarelo escuro pode ser verde, marrom pode ser verde, cinza pode ser verde, vermelho pode ser verde e vice-versa pra tudo isso e muito mais.
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Nem invente. Telha não é cor e sim material de construção. Salmão é peixe. E se você quiser saber com o que mostarda combina, eu digo: é com pizza ou cachorro-quente.
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Muita gente tem curiosidade de saber como é o mundo para um daltônico. Primeiro, saiba que isso não é tão simples, pois existem vários tipos de daltonismo. Mas, sim, é possível ter uma idéia. Quer ver? Então responda: que número tem aqui?
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Tente de novo, mas olhe atentamente. Pode não parecer, mas há uma lógica nessas bolinhas. Seria um 'R' com quatro pernas, de cabeça para baixo? Talvez um cruzamento entre um 'O' manco e um '4' com mal de parkinson. Não? Pois é. Por mais que a gente quebre a cabeça, nunca vamos descobrir. Porque esse teste acima foi alterado para que ninguém visse nada. E é exatamente deste modo que nós, daltônicos, vemos o que as pessoas ditas "normais" enxergam isto:
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Posso fazer essa afirmação com toda certeza porque, pra mim, os dois desenhos acima são absolutamente idênticos. Mas, pra você, neste segundo aí deve ter aparecido um número. No caso, um 45, se me disseram certo. Procurando pela internet, não é difícil encontrar outras imagens. Essa aqui, por exemplo:
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Se você fosse daltônico, veria assim:
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E esse sujeito aqui não teria nada de incrível:
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Existem milhares de outros exemplos e curiosidades. Mas nosso passeio por este mundinho habitado por seres esquisitos, que pintavam o Papai Noel de marrom na infância, está chegando ao final. Para quem se interessou, existem vários testes na internet para você colocar o preto no branco e saber se é ou não cego para as cores e em que grau. Esse aqui é bem completo. Nesta matéria aqui, até descobriram que os daltônicos podem ver melhor do que você em algumas situações. Espero que vocês tenham gostado.

Agora, se você não se interessou, já falei que também sou canhoto? Ah, então seja bem-vindo a este fantástico lugar onde os abridores de lata são difíceis de manusear. Onde se vira a guitarra de cabeça para baixo para tocar e, na hora que você vai escrevendo sua mão vai borrando tudo. Ê, maravilha...

quarta-feira, abril 09, 2008

Lá em 1899, um tal de Charles Duell pediu pro presidente dos EEUU acabar com o US Office of Patents, onde ele mesmo trabalhava, porque já tinham inventado tudo que pudesse ser inventado. E olhe que nessa época não existia Sgt. Peppers, Orkut e nem Avião.

Tava aqui pensando em escrever sobre isso e aí pensei: quantas pessoas jã não escreveram sobre isso?

terça-feira, abril 01, 2008

É tudo verdade.

Já decolei de um aeroporto e a turbina do avião começou a pegar fogo! A primeira vez que tentei dar uma bicicleta fiz um gol lindo!! Vi um amigo quase ser atropelado por um carro que tinha Woody Allen no banco de trás!!!

Não acredita? É, talvez você tenha motivos pra isso. Acabou de sair um estudo aí, realizado através de pesquisas com pessoas do mundo inteiro, afirmando que mentimos, em média, umas 200 vezes por dia. Juro que é verdade!

Esse número absurdo, que parece mais uma mentira deslavada, diz que, em sua maioria, são mentiras inocentes. Às vezes, até inconscientes. Por exemplo: se você sai de casa mal humorado e responde bom dia para alguém, está mentindo.

Desse jeito, eu já fico imaginando que outras mentiras esse estudo deve ter considerado. Colocar "ausente" no msn, estando lá, é mentir. E as mulheres que pintam o cabelo ou fazem chapinha, isso é enganação? Arrumar a casa somente quando vem visita é faltar com a verdade? E deixar de atender uma chamada indesejada no celular? Ah, por falar nisso, tem outra pesquisa aí dizendo que os torpedos tornaram as mentiras ainda mais comuns. Entrevistados de cinco países disseram que é mais fácil mentir por mensagem de texto do que em uma conversa por telefone ou pessoalmente. É, né? Pra mentir bem, cara-a-cara, é preciso ser também um bom ator. Pois é, pois é, pois é.

E tem aquelas mentiras que são muito mais bem vindas do que certas verdades. Como elogiar este blog, ou autor dele, por exemplo. Bem, antes que eu comece a fugir do tema, é melhor ir ficando por aqui, com uma frase de Tom Clancy: "A diferença entre ficção e realidade? Ficção tem que fazer sentido." Claro, se a mentira for muito cabeluda, ninguém vai acreditar. Por outro lado, se você ouvir alguma história interessante, mas incrível, é bom pensar duas vezes antes de achar que é lorota. Pode ser a mais pura verdade.

O fogo na turbina eu filmei. Mas eu queria mesmo era ver o replay da bicicleta. Aquilo sim foi um lance lindo. Cruzaram a bola lá de trás e eu tava na área, no meio de dois zagueiros...

terça-feira, março 11, 2008

Sobre beterraba, jiló, pimentão e até tatuí...

Imagine que você é um homem das cavernas e não conhece muita coisa. Você está andando, há dias, faminto. Aí encontra uma plantinha esquisita. Mas tem algo que, parece, dá pra comer. Ora, você está morrendo de fome. Comeria até uma cebola crua! Então, sem pensar muito, dá uma mordida nessa coisinha que você nunca tinha visto antes. Pro seu azar, era mesmo uma cebola. Só que você não conhecia ainda. Quem sabe até, a palavra “cebola” era o pior palavrão da época. E acabou servindo pra batizar aquele troço que só iria servir pra alguma coisa depois da descoberta do fogo ou da invenção do sanduíche. É. Naquela época, sua vontade seria dar um murro no baço da cebola. Se cebola tivesse baço.

Suponha que você seja um índio perambulando no meio do mato. Aí, encontra o que parece ser uma deliciosa frutinha vermelhinha. Você, curioso, dá uma mordidinha para experimentar. É uma pimenta! Vai ver que “pimenta” era a palavra usada para amaldiçoar alguém até a décima-quinta geração na tribo. Se você já jogasse videogame naquela época, teria vontade de dar um shoryuken no queixo da pimenta. Mas pimenta não tem queixo.

E se, há 13.000 anos atrás, você fosse um extra-terrestre e sua nave fosse quebrar justamente quando passava pela Via-Láctea. Você estava a anos-luz da oficina mais próxima e, como o pagamento do seguro não estava em dia, o único jeito era fazer um pouso de emergência naquele planetinha azul insignificante. Tinha uma plantinha alienígena bem alí, no pé da nave. Custava nada experimentar, né? Custava sim. Era um alho! Pronto. Depois de morder aquilo, você batizou o dito cujo com essa palavra que, só de ser pronunciada, até hoje pode dar penas que variam de serviços comunitários a seis meses de detenção em mais de 17 planetas. E você arrancaria todos os dentes do alho com um alicate se alho tivesse dente. Dente de verdade.

Afinal, como é que alguém descobriu que uma coisa feia e dura como a macaxeira fica uma delícia depois de desenterrar e ferver? E isso serve pra tudo mais que se come, mas não é tão fácil de descobrir como.

Se não mata, engorda.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

A Marcha dos Humanos.

Oficialmente, é apenas em fevereiro. Mas as pessoas já começam a ir para o local com uma grande antecedência. Mais de um mês antes. Primeiro, apenas aos domingos, bem timidamente. Ninguém marca nada. Ninguém combina. Não sai em nenhum jornal. Todos simplesmente vão sem pensar. Como se fosse por instinto.

Os patos continuam migrando para o sul. Os pingüins ainda marcham na Antártida. Talvez, nessa época do ano, em algum lugar do passado, os humanos subiam as montanhas para dançarem, se encontrarem, procriarem ou sei lá o que. E, vai ver, uns "ouviam o chamado da natureza" antes e começavam a ir na frente. Aos poucos, ia juntando cada vez mais gente. Como acontece hoje. Só que, agora, é em Olinda. Mas é a força da natureza. Não há outra explicação. Só pode ser.

E vai chegando mais perto e o movimento vai aumentando. Não só aos domingos, mas também nos outros dias da semana. Sábados, sextas, quintas... Nas últimas semanas que antecedem o início oficial, até as segundas e terças lotam! É como se as pessoas não conseguissem esperar até começar de verdade.
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Aí, dura quatro dias. Intensos! E acaba...
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Assim, de repente mesmo. Não entendo porque começa tão lentamente e acaba de forma tão brusca. Mas, enfim, é assim. Outra igual a essa? Os primeiros indícios dela discretamente começarão a ser vistos de novo lá pra dezembro, ou janeiro do próximo ano. Quando, por algum motivo, sem falta, as pessoas começarão a voltar para as ladeiras. Uma a uma, lentamente. Como os patos e os pingüins.
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Agora, meu povo esquisito, só no próximo ano. O porquê eu não sei, mas a gente se vê lá.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Vai passar rápido, não foi?

O último ano passou voando pra você? Ah, claro que não. Todos os anos passam iguais pra todo mundo, é óbvio.

Sei, você concorda que é absurdo. Mas, mesmo assim, continua achando que esse ano pareceu durar menos que os outros?

Preste atenção: se os anos realmente passassem mais rápido, seu relógio estaria atrasando constantemente. E todo mundo sabe que cada hora continua tendo exatos 60 minutos. E cada minuto demora aqueles velhos 60 segundos para passar. O segundo, por sua vez, sempre foi a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio. Lembra disso? Nem eu, mas é.

Acontece que essa impressão não é só sua. É de muita gente. Minha também. E, dia desses, descobri que há sim uma lógica nisso tudo.

Imagine uma criança de dez anos de idade. Um ano pra ela é 10% de tudo que ela viveu. Assim, 365 dias é realmente um tempo considerável. Agora, pense num senhor de 100. Pra ele, 1 ano é apenas 0,01% de toda a sua vida. Quase nada.

Por isso, a medida que vamos ficando mais velhos, temos essa mesma impressão do ano passar mais depressa. Porque ele vai significando menos tempo pra gente. É como se nossa máquina do tempo individual fosse pisando mais fundo no acelerador. Como se o DeLorean de quem é mais velho andasse mais rápido.

De certo modo, isso é até bom. Relativamente falando, você passou mais tempo brincando de Playmobil e jogando videogame do que vai passar reclamando do reumatismo e da hemorróida.

E já que agora você sabe que faz sentido o tempo realmente parecer passar mais rápido, que tal aproveitar bem cada um desses 9.192.631.770 períodos da radiação do não-sei-que-lá de césio?

terça-feira, janeiro 22, 2008

Penso, logo existo.

Descartes não existe mais. Logo, não pensa.
Mas muita gente existe e não pensa.
Os extraterrestres pensam e talvez não existam.

Gregor Samsa pensa que é inseto.
Os insetos não pensam. Mas é Gregor Samsa que não existe.

O poste não pensa. Mas existe.
Quem bebe e pensa não dirige.
Quem dirige e bebe não pensa.
Encontros entre bêbados e postes existem.

Se eu tivesse pensado mais, talvez esse texto nem existisse.
Pense numa mistura de
Pedro de Lara com Zé Bonitinho.
Olha aí, ele existiu.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Tá frio!

Antigamente, bem antigamente mesmo, quando você (você é modo de falar, tô me referindo ao seu tatatataravô, mais ou menos) queria beber alguma coisa, tinha que ser à temperatura ambiente.

Porque, naquela época, e durante todo o tempo antes disso, não existia geladeira. E inventar uma geladeira assim, de uma hora pra outra, dá um trabalhão danado. Não é que seja impossível. Quem quer inventar uma geladeira vai lá e inventa mesmo. Mas que é difícil é.

Pois bem, o sujeito que inventou a geladeira estava, na verdade, querendo inventar o ar-condicionado. E tava tão determinado que nem quis esperar pela invenção da tomada. Imagine só, inventar um ar-condicionado, ou uma geladeira, já é difícil. Sem tomada pra ligar é muito mais complicado. É ou não é? Mas quando alguém está muito determinado a fazer uma coisa, geralmente faz.

O médico americano John Gorrie não estava preocupado com a bebida do seu tatatataravô. Ele estava mesmo era querendo dar uma esfriadinha no hospital dele. Veja, ficar doente já é chato. Se for internado em um hospital, pior ainda. Agora, imagine um hospital sem ar-condicionado, no calorão da Flórida. É insuportável. E John devia ouvir todo tipo de reclamação dos seus pacientes, que já deviam estar sem paciência nenhuma.

Ele tentou pendurar sacos com gelo nas salas (verdade), mas conseguir gelo naquela época era muito, muito difícil. Tinha que ir buscar num lugar longe e, além do mais, frio. E em pouco tempo esse plano ia por água abaixo. Muita gente deve ter olhado meio torto pra ele com essa idéia. Mas o cara era bem intencionado, só precisava de uma idéia boa de verdade.

Foi aí que o Dr. Gorrie pensou, pensou e resolveu colocar em prática seus conhecimentos de física. Ele não desenvolveu uma nova teoria. Não descobriu algo que ninguém já não soubesse na época. Mas só ele teve a criatividade de juntar A + B. Estava tudo ali, mas só ele viu. Construiu uma máquina à vapor que movia um pistão dentro de um cilindro. Em volta, colocou um recipiente com água salgada, porque ela congela a uma temperatura mais baixa do que a água pura. O pistão comprimia e expadia o vapor de água, que roubava calor do recipiente de água e sal para passar do estado líquido para o gasoso. Quando a água salgada não tinha mais calor para passar ao gás, os dois se resfriavam. Bem... eu não entendi lá muito bem, mas foi isso aí. Pronto. Estava criado o ar-condicionado. E também a geladeira, porque com essa engenhoca, ele conseguiu fazer um bloco de gelo do tamanho de um tijolo, meu amigo. E até hoje, todas as geladeiras funcionam com esse mesmo mecanismo, só que com um motor elétrico, já que agora existe tomada.

Mas, veja como são as coisas. Nesse tempo, que foi lá pelos idos de mil oitocentos e pouco, ninguém deu muita atenção pra uma invenção fabulosa como essa. Talvez, até tenham achado legal e tal e pá. Mas, investir mesmo, ninguém quis. Sabe-se lá porque. O fato é que John Gorrie morreu pobre. E, provavelmente, indignado com tanta gente pensando pequeno.

O mundo não entendeu John. Ou, pelo menos, demorou demais a entender. Como muito bem disse Galileu Galilei, um outro cara, dos mais incompreendidos da história: a verdade é filha do tempo e não das autoridades. Da próxima vez que você (agora eu to falando com você mesmo e não com seu tatatataravô) não souber a que brindar, brinde a John Gorrie. Lembre-se que esse gole gelado é graças a ele.