terça-feira, março 11, 2008

Sobre beterraba, jiló, pimentão e até tatuí...

Imagine que você é um homem das cavernas e não conhece muita coisa. Você está andando, há dias, faminto. Aí encontra uma plantinha esquisita. Mas tem algo que, parece, dá pra comer. Ora, você está morrendo de fome. Comeria até uma cebola crua! Então, sem pensar muito, dá uma mordida nessa coisinha que você nunca tinha visto antes. Pro seu azar, era mesmo uma cebola. Só que você não conhecia ainda. Quem sabe até, a palavra “cebola” era o pior palavrão da época. E acabou servindo pra batizar aquele troço que só iria servir pra alguma coisa depois da descoberta do fogo ou da invenção do sanduíche. É. Naquela época, sua vontade seria dar um murro no baço da cebola. Se cebola tivesse baço.

Suponha que você seja um índio perambulando no meio do mato. Aí, encontra o que parece ser uma deliciosa frutinha vermelhinha. Você, curioso, dá uma mordidinha para experimentar. É uma pimenta! Vai ver que “pimenta” era a palavra usada para amaldiçoar alguém até a décima-quinta geração na tribo. Se você já jogasse videogame naquela época, teria vontade de dar um shoryuken no queixo da pimenta. Mas pimenta não tem queixo.

E se, há 13.000 anos atrás, você fosse um extra-terrestre e sua nave fosse quebrar justamente quando passava pela Via-Láctea. Você estava a anos-luz da oficina mais próxima e, como o pagamento do seguro não estava em dia, o único jeito era fazer um pouso de emergência naquele planetinha azul insignificante. Tinha uma plantinha alienígena bem alí, no pé da nave. Custava nada experimentar, né? Custava sim. Era um alho! Pronto. Depois de morder aquilo, você batizou o dito cujo com essa palavra que, só de ser pronunciada, até hoje pode dar penas que variam de serviços comunitários a seis meses de detenção em mais de 17 planetas. E você arrancaria todos os dentes do alho com um alicate se alho tivesse dente. Dente de verdade.

Afinal, como é que alguém descobriu que uma coisa feia e dura como a macaxeira fica uma delícia depois de desenterrar e ferver? E isso serve pra tudo mais que se come, mas não é tão fácil de descobrir como.

Se não mata, engorda.

5 comentários:

Anônimo disse...

Entro sempre aqui mas dessa vez vc se superou. mt bom o texto.
a humanidade sempre da um jeito de comer de tudo. nada fica sobrando.

Paula Barros disse...

Comecei rindo, terminei rindo, e comento rindo.
Você demora a atualizar, deve ser para dá tempo de desenterrar essas pérolas.
Se tivesse que votar num blog que escreve temas inéditos seria o seu.
bom,bom demais.

artur caldas /S.A. disse...

Filli, eu sempre me pergunto: quem foi o primeiro cabra-macho (ou macaco-macho) que comeu o primeiro carangueijo? Assim, queria entender o processo. Primeiro ele tentou pegar, levou uma 'butada' no dedo. Gritou pra caramba e ficou puto. Depois conseguiu pegar. Como é que aqule troço com casca dura, violento, feio e com pernas finas e cabeludas poderia se tornar algo bom pra cacete depois de cozido com sal, algumas cebolas (sem baço), tomates, pimentões e outras coisas coloridas?

Um dia eu ainda descubro quem foi esse cara ou esse primata! E vou agradecê-lo pro resto da vida.

Grande abraço, Filli-gol!

Anônimo disse...

Filli, acho que você não aprendeu a cozinhar muito bem.

Fred Figueiroa disse...

Esse texto tem vaga na edição dos "melhores momentos do primeiro tempo" desse blog.

Agora, ganhou dois comentários que merecem ser anexados ao texto original. Os de Arthur e Cela.

Por falar em cozinha, boa sorte com o quiabo e o feijão.