quinta-feira, fevereiro 07, 2008

A Marcha dos Humanos.

Oficialmente, é apenas em fevereiro. Mas as pessoas já começam a ir para o local com uma grande antecedência. Mais de um mês antes. Primeiro, apenas aos domingos, bem timidamente. Ninguém marca nada. Ninguém combina. Não sai em nenhum jornal. Todos simplesmente vão sem pensar. Como se fosse por instinto.

Os patos continuam migrando para o sul. Os pingüins ainda marcham na Antártida. Talvez, nessa época do ano, em algum lugar do passado, os humanos subiam as montanhas para dançarem, se encontrarem, procriarem ou sei lá o que. E, vai ver, uns "ouviam o chamado da natureza" antes e começavam a ir na frente. Aos poucos, ia juntando cada vez mais gente. Como acontece hoje. Só que, agora, é em Olinda. Mas é a força da natureza. Não há outra explicação. Só pode ser.

E vai chegando mais perto e o movimento vai aumentando. Não só aos domingos, mas também nos outros dias da semana. Sábados, sextas, quintas... Nas últimas semanas que antecedem o início oficial, até as segundas e terças lotam! É como se as pessoas não conseguissem esperar até começar de verdade.
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Aí, dura quatro dias. Intensos! E acaba...
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Assim, de repente mesmo. Não entendo porque começa tão lentamente e acaba de forma tão brusca. Mas, enfim, é assim. Outra igual a essa? Os primeiros indícios dela discretamente começarão a ser vistos de novo lá pra dezembro, ou janeiro do próximo ano. Quando, por algum motivo, sem falta, as pessoas começarão a voltar para as ladeiras. Uma a uma, lentamente. Como os patos e os pingüins.
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Agora, meu povo esquisito, só no próximo ano. O porquê eu não sei, mas a gente se vê lá.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Vai passar rápido, não foi?

O último ano passou voando pra você? Ah, claro que não. Todos os anos passam iguais pra todo mundo, é óbvio.

Sei, você concorda que é absurdo. Mas, mesmo assim, continua achando que esse ano pareceu durar menos que os outros?

Preste atenção: se os anos realmente passassem mais rápido, seu relógio estaria atrasando constantemente. E todo mundo sabe que cada hora continua tendo exatos 60 minutos. E cada minuto demora aqueles velhos 60 segundos para passar. O segundo, por sua vez, sempre foi a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio. Lembra disso? Nem eu, mas é.

Acontece que essa impressão não é só sua. É de muita gente. Minha também. E, dia desses, descobri que há sim uma lógica nisso tudo.

Imagine uma criança de dez anos de idade. Um ano pra ela é 10% de tudo que ela viveu. Assim, 365 dias é realmente um tempo considerável. Agora, pense num senhor de 100. Pra ele, 1 ano é apenas 0,01% de toda a sua vida. Quase nada.

Por isso, a medida que vamos ficando mais velhos, temos essa mesma impressão do ano passar mais depressa. Porque ele vai significando menos tempo pra gente. É como se nossa máquina do tempo individual fosse pisando mais fundo no acelerador. Como se o DeLorean de quem é mais velho andasse mais rápido.

De certo modo, isso é até bom. Relativamente falando, você passou mais tempo brincando de Playmobil e jogando videogame do que vai passar reclamando do reumatismo e da hemorróida.

E já que agora você sabe que faz sentido o tempo realmente parecer passar mais rápido, que tal aproveitar bem cada um desses 9.192.631.770 períodos da radiação do não-sei-que-lá de césio?