quarta-feira, dezembro 26, 2007

Tentando não entender.

Clarice, certa vez você escreveu que não entender é um dom. Eu discordo. Não entender algo é como começar a montar um quebra-cabeças e, perto do final, descobrir que tá faltando um monte de peças. Sinceramente, eu não sei como os ateus não ficam loucos. Porque não dá pra pensar em astronomia, vida, morte, física e muita coisa nesse mundo (e fora dele) sem colocar Deus na jogada. Você pira. Não é que Ele vá explicar, mas o fato de jogar a responsabilidade pra Alguém já ajuda muito. Pior são aquelas coisas que você não entende, sabe quem pode explicar, mas por algum motivo não pode perguntar. A resposta está ali, quase ao alcance da sua mão e você não pega.

Eu acho, Clarice, que o bom de verdade é acreditar que não entender é um dom. Isso sim! Como ter loucura e não ser maluco. Entender menos e não estar nem aí. Ficar distraído apesar de tudo. Conseguir esquecer algo que está martelando na cabeça. Poder mudar de canal quando a programação da sua vida estiver um saco. Depor a razão e deixar a emoção assumir o mandato, Adriana.

É, Clarice, eu sei. Entendi que foi isso mesmo que você disse. Discordei mas cheguei ao mesmo lugar. Você está certa. A vida tinha que ser como esse texto nonsense. Começar amarelo e terminar triângulo. Eu não quero tentar entender o mundo de novo. Não agora. Quem sabe no próximo ano? E olhe lá.


-*-


Você aí, não tente entender, tente não se assustar. Esse relógio, baseado em estatísticas, mostra em tempo real o que anda acontecendo no seu Mundo.

Sugestões de estatísticas que podiam ser acrescentadas nesse contador:

- Corações partidos
- Gols de bicicleta
- Topadas (pra gente rir)
- Litros de lágrimas derramadas
- Cartas de amor escritas
- Livros lidos
- Músicas compostas
- Novas amizades de verdade
- Galera com insônia
- Orgasmos
- Perdões
- Despedidas
- Reencontros
- Pesadelos
- Sonhos
- Sonhos Realizados
(Que, em 2008, você tenha vários.)

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Caranguejos me belisquem.

Uma pesquisa publicada na última edição da revista New Scientist acaba de afirmar que os crustáceos sentem dor. Isso mesmo. Porque, antes disso, achavam que o sistema nervoso do siri e cia era tão simples, tão primitivo, que eles não estariam nem aí pra nada. Pode botar vivo na água quente. E daí? Pode arrancar uma pata. Nem doeu.

Mas, e agora que sabemos que eles sofrem? Será que a humanidade vai mudar o modo como esses animais são tratados? Será que vai haver mais respeito? O Greenpeace vai organizar passeatas em defesa dos bichinhos?

Nada disso. Pode tirar o cavalinho marinho da chuva (que não é crustáceo, hein? Olha lá). Outros pesquisadores já contestaram e desmentiram tudo.

É. São uns insensíveis mesmo.

Não foi dessa vez, galera.