domingo, maio 18, 2008

Ensaio sobre o daltonismo.

Sinais de trânsito sempre abertos, arco-íris de duas ou três cores, gramados laranjas. Seja bem-vindo ao mundo dos daltônicos. Aqui, lilás e cáqui não existem, roxo é azul escuro, verde muito clarinho pode ser amarelo, amarelo escuro pode ser verde, marrom pode ser verde, cinza pode ser verde, vermelho pode ser verde e vice-versa pra tudo isso e muito mais.
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Nem invente. Telha não é cor e sim material de construção. Salmão é peixe. E se você quiser saber com o que mostarda combina, eu digo: é com pizza ou cachorro-quente.
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Muita gente tem curiosidade de saber como é o mundo para um daltônico. Primeiro, saiba que isso não é tão simples, pois existem vários tipos de daltonismo. Mas, sim, é possível ter uma idéia. Quer ver? Então responda: que número tem aqui?
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Tente de novo, mas olhe atentamente. Pode não parecer, mas há uma lógica nessas bolinhas. Seria um 'R' com quatro pernas, de cabeça para baixo? Talvez um cruzamento entre um 'O' manco e um '4' com mal de parkinson. Não? Pois é. Por mais que a gente quebre a cabeça, nunca vamos descobrir. Porque esse teste acima foi alterado para que ninguém visse nada. E é exatamente deste modo que nós, daltônicos, vemos o que as pessoas ditas "normais" enxergam isto:
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Posso fazer essa afirmação com toda certeza porque, pra mim, os dois desenhos acima são absolutamente idênticos. Mas, pra você, neste segundo aí deve ter aparecido um número. No caso, um 45, se me disseram certo. Procurando pela internet, não é difícil encontrar outras imagens. Essa aqui, por exemplo:
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Se você fosse daltônico, veria assim:
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E esse sujeito aqui não teria nada de incrível:
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Existem milhares de outros exemplos e curiosidades. Mas nosso passeio por este mundinho habitado por seres esquisitos, que pintavam o Papai Noel de marrom na infância, está chegando ao final. Para quem se interessou, existem vários testes na internet para você colocar o preto no branco e saber se é ou não cego para as cores e em que grau. Esse aqui é bem completo. Nesta matéria aqui, até descobriram que os daltônicos podem ver melhor do que você em algumas situações. Espero que vocês tenham gostado.

Agora, se você não se interessou, já falei que também sou canhoto? Ah, então seja bem-vindo a este fantástico lugar onde os abridores de lata são difíceis de manusear. Onde se vira a guitarra de cabeça para baixo para tocar e, na hora que você vai escrevendo sua mão vai borrando tudo. Ê, maravilha...

8 comentários:

andreblz disse...

Por isso q vc nunca curtiu um layout meu. Adoro usar mostarda e salmão. hehe.

abracaooo e sucesso

Anônimo disse...

que triste, fellipe.
tu nunca vai poder ver um quadro do jeito que o pintor pensou ele pra ser.
chuif.

ah, em londres tem uma loja só para canhotos, com abridores de lata, tesouras e tudo mais pra vocês... anormais. :P

Táta disse...

Quando ele nasceu, um anjo torto,
desses que vivem na sombra,
disse: Vai, Fellipe, ser gauche na vida!!
O título desse texto sobre o mundo dos daltônicos e, ainda por cima, canhotos, deveria ser Torto, inclusive!
Estão sempre na contramão
O que para nós pode ser bastante esclarecedor, para eles não passa de excesso de informação.
Para quê o amarelo limão, o rosa shock, e o verde bandeira, se ele pode ter tudo azuuuul, tudo muuito azuuul. Sempre.
Azul Royal, no entanto, aquele tradicional, que passa longe de qualquer mistura ou nuance indefinida.
Aliás, o sinal de trânsito dele poderia ser, assim, todo azul!
Qual a necessidade das cores, se ele identifica os significados, de aberto, atenção e fechado, pela ordem das “bolinhas”, que é sempre a mesma.
Ooowww! Esse povo gosta é de complicar.
Por causa disso, os daltônicos precisam contar com o auxílio de alguém quase sempre. Só por isso.
É como um analfabeto na parada de ônibus. O letreiro para ele não passa de um emaranhado sem sentido algum, que não vai lhe acrescentar em nada.
E ele vive sem o que “a gente” já não vive mais.
Simplesmente, porque aprendemos assim.
Já Fellipe, decidiu ser gauche na vida e fazer tudo ao contrário.
E assim é. E assim vive.
E nada lhe falta. Nem a carteira de motorista. Tirou mesmo sem conseguir identificar os números coloridos do teste de vista do Detran. Habilitou-se apenas traduzindo o significado das “bolinhas” do semáforo. Basta-lhe.
O que não conhecemos não vai mesmo nos fazer falta nunca.
Ou quase nunca.
Outro dia Fellipe perguntou de que cor eu queria a capa da máquina. Respondi: rosa shock!
Até hoje estou esperando! hehehehe

Nanael Soubaim disse...

O mundo "normal" não contempla a normalidade real, para a qual uma impressão só não basta, pois são cinco os sentidos externos. Minha solidariedade, conforista.

Paula Barros disse...

Não sabia que era canhoto, nem daltônico. Desde o início percebi que é inteligente.
Sempre me disseram que o canhoto é mais inteligente. E eu sempre acreditei.
abraços

Anônimo disse...

Tem um cara, acho que o Carlos Domingos, que também é publicitário e daltônico. Naturalmente não é diretor de arte, né.

Li uma vez um texto curtinho e legal sobre míopes e daltônicos. Repostei no meu blog, na ocasião. Dá uma espiada:
http://zoidia.wordpress.com/2008/07/15/a-arte-em-enxergar-mal

Unknown disse...

Muito bom o ensaio! Parabéns!

Luan Amim disse...

Interessantíssimo. Mais ainda por encontrar outro daltônico / canhoto! rs